Versos loucos de um poeta boêmio!

quarta-feira, abril 11, 2007

Sem poemas hoje, por favor!




Quase duas da tarde. Ansiedade tomando este corpo como fosse companhia. Saudade de coisas que ainda não aconteceram, mas que não deixam de ser menos intensas pelo fato de estarem numa eterna fila de espera. E eu aguardo. Por vezes calado, por que no silêncio também se diz muita coisa. Por vezes gritando, por que tem tanta coisa sobrando, tanta coisa faltando, que o mundo ignora, se finge de surdo, apenas por resignação.
Algumas vezes também chorando. Um choro contido, escondido de vergonha detrás deste rosto vermelho. Que deseja as noites, as sextas-feiras. Que deseja o risco por pura falta de precaução.
Eu não acredito mais em anjos, não sou tolo. Demônios ao redor de minha cabeça, incitando o perigo por não acreditar que algo possa dar errado. E não dá. Explico minhas atitudes por minhas palavras carregadas de metáforas. Estupro este vocabulário limitado tentando retirar de cada verbete um pouco do sulco que faz a vida fluir sem percalços. E não consigo.
Há amor aqui dentro, mas ele adormece. Pueril, quase casto. Sonolento pela ineficaz dose dos venenos mais fortes. Há canções, de todos os tipos, pra todos os gostos. Assoviadas a esmo pra tentar sobreviver este peito que se recusa a parar. E apanha. Numa covarde tentativa de fazer da solidão a lembrança mais distante possível.
Uma dolorida farsa pré-morte. Ensaiando sonetos numa fúnebre valsa que não merece aplausos.
“Dance, minha pequena bailarina, dance!”

E eu reuso esta pútrida carcaça que sorri por que não suporta mais lágrimas. Que pensa, porque não agüenta mais sentir. Cada minuto, seus mais íntimos segundos, lívidos de dor porque amor nunca foi isto. Livres de mágoas, porque se não conseguimos mais voar é porque chegou o momento de aterrissar. E caímos. Um tombo grego, quase olímpico. Apenas caímos. E do chão, enxergo todas estas absurdas negações, estas verdades plenas e inquestionáveis não fazerem sentido algum. E parto de encontro ao meu mais novo eu, mais intenso, mais diabólico, e muito menos promíscuo com meus desejos.
Neste espelho eu admiro a vida do outro, que tornei-me pra continuar sendo sempre o mesmo.

11/04/2007 14:00hs.