Versos loucos de um poeta boêmio!

terça-feira, março 13, 2007

Calendário ( datas e datas )

O mais difícl quando se escreve algo é dar título ao mesmo. Por que teoricamente, entitular algo é reduzir letras e letras a um único contexto, é gerar curiosidade através de um resumo tão curto que pode dizer tudo o que será contado a seguir ou apenas aguçar a curiosidade sobre isto. Eu não sou bom pra títulos, nunca fui. Alguns dos que seguem abaixo foram, propositalmente, nomeados como tais por falta do que colocar. Apesar de outros serem feitos com tal motivo...
Títulos são como filhos, requer anos e anos pra escolher um nome, por que há de carregar o texto tal epíteto até o último minuto. Ah, lembrando que filhos não são eternos, textos sim...
"Le parole sanvole les escrit restem"
As palavras voam, as escritas ficam
Sexta-feira: a luxúria faz seu trottoir
Que importa a semana esvair-se em segredo,
se encerra pós-quinta, esta noite de Baco?
Tão forte aditivo pr'um corpo já fraco
descansa a aliança, no copo, meus dedos
sorvendo à deleite - cigarro e bebida.
Melhor companhia? Impossível de tê-la!
Mas como ser ébrio sem te merecê-la
a compartilhar o que chamam de vida?
- Que noite abstrata! E melhor que não seja
o além papo frouxo regado à cerveja!
o preço que, então, não se pensa em pagar...
- Que noite absorta! E devia ser plena,
o prazer sai à caça, o boteco, o cinema.
É sexta! A luxúria faz seu trottoir...
07/06/2005 22:30hs.
Terça-feira
Do rosto sinto desmanchar o guache
na terça-feira de maior ressaca
um dia triste, ainda que eu ache
que bloco algum há de querer como encaixe
o humor que a vida oferece. A estaca
que dentro me risca, a sentir a gilete
na barba mal feita arranhando a narina
mais um pierrô a juntar serpentina
no baile, no ontem que nunca termina
ter chuva aqui dentro e querer ser confete.
Do rosto percebo o inchaço boêmio
nos bares, o riso por puro cinismo,
é pura maldade, das vezes que cismo
que pedem sem pena, a cabeça por prêmio.
E só nostalgia e saudade me resta
ainda que eu viva um resquício de pranto
em meu rosto. Quebrou-se o último encanto
na hora mais negra - a derradeira festa.
10/02/2005 16:00hs.
Quinta: a boemia pede passagem
Em casa. E maldito é o frio que aplaca,
o inverno é vindouro no quadro que pinta
as coresque levo e o pincel que incita
forjar branco e cinza, esta ânsia que ataca.
Querer a saída, sem volta ou retorno,
mas 'inda não posso por ser coerente,
nascer outro dia, o cansar expediente,
a cara de porre, sem noite de sono.
Pior intenção não haver procurado
a ressaca de sempre no acontecido
que ruma outro bar, tanto faz a viagem
o corpo reclama por ser maltratado
mas que vale ouví-lo num tolo pedido
se é quinta e a boemia já pede passagem?
07/07/2005 17:00hs.
Sábado: e nem todo é aleluia
A cara prensada no canto da cama,
o gosto do amargo resseca a garganta,
deitar, não dormir e de nada adianta
depois da noitada, o excesso de lama.
E cubro-me, bêbado. Fragante mal cheiro
despir sem pudor o lençol que recebe
a saliva. É sina de todo que bebe
agir como sempre se fosse o primeiro?
Desperto na hora mais clara do dia,
vontade suspeita a pensar em tal vício
e rumar sem destino de volta pra rua.
O depois nunca veio em sustenta alegria,
uma vez que a vida é maior desperdício
mas nem todo sábado é de aleluia!
09/07/2006 17:00hs.
Domingo
Fiei-me na semana com o maior de meus afincos
e quando, então, repouso, quase nada já me falta
da voz que exasperou-se em redizer, sem qualquer pauta
as teses que defendo, nas verdades que não brinco.
Passou-me um novo dia, ao que me lembro, embriagado
de ter sido o excesso, o entre-dentes que sorria
e finge ser perfeito, mas é pura covardia
ao ver-me sempre só e quase nunca enamorado.
Mas deixa esta tolice me tomar, só por capricho,
eu curto a nulidade - o não saber do meu depois
senão velas e flores, num apalermado luto
p'ra tudo que não sinto, certamente, eu sei, me lixo
em ver findando as coisas que puderam ser pra dois.
Domingo! E meus pecados não precisam ir ao culto.
15/07/2005 16:45hs.
Segunda
Fecho as mãos sob meu rosto
despenteadamente boêmio;
junto as palmas no travesseiro fedendo a cigarro,
as pernas paralelas
um ângulo obtuso de setenta e poucos graus
adormecido pelo frio
da janela semi-aberta.
Recosto a face sob o papel
encharcado de chuva de ontem
e cuspe e lágrima e suor febril
da noite que mal se despediu
e já ameaça voltar...
Ouço no rádio a canção que não toca
no dial fora de sintonia
mas aterra sem cuidado em meu peito
a ínfima tristeza de um acorde qualquer.
No vão da parede
que meus pés empurram de cima da cama
repousa o cobertor embolado
embolorado de reboco e saudade
do minuto pior
que antes não causava repúdio
ou tédio.
Quer descer deste mundo
e entrar devagar pela porta entre aberta
que insinua sisuda e mal humorada
pra não ser o riso, arma eficaz
contra este choro contido que teima em cair?
28/09/2005 12:00hs.

1 Comments:

  • At 1:29 PM, Anonymous Anônimo said…

    olha eu aqui denovo, passei ontem aqui, mas nem deu tempo de comentar, mas li todinho! poxa, vc tem um poema terça-feira!!! e eh uma terça de carnaval! ahh, um dos q mais gostei!! em 2005 acho q vc nem sonhava em encontrar uma menina boba q adora esse dia e resolveu te pegar pra sexta dela! ;] ah, sim preferidos:
    terça-feira
    segunda
    domingo!
    bjo meu poeta preferido, te amo!
    adorei o post!
    :* vita.

     

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